terça-feira, 10 de março de 2009

O que não está dito

Você sabe! Eu sei que você sabe.
Eu olho para você e você sabe que meu olhar tem algo mais.
Não consigo esconder. E, pasme, vivo dividido entre você perceber e deixar passar.

As vezes gostaria que você não percebesse ou, se assim o fizesse, deixasse passar.
Se eu tivesse certeza disso, abriria mais meu olhar, sorriria mais com os olhos.
Olharia prá você com menos medo do que eu tenho hoje.

As vezes fico doido para você perceber, mas não sei o que você sentirá.
Se se afastar, vou perder o pouco que tenho, vou perder a ilusão de sonhar com nós dois.
Se não se afastar, eu não sei se teria coragem de seguir para o próximo passo.

Talvez nosso amor seja o ideário do amor romântico, do amor desejado mas não realizado.
O amor de Tristão e Isolda, o amor impossivel.
Quando você me olha e sorri, eu sei que você sabe. E fico feliz.

Nós já tivemos chances. Elas já foram maiores do que são hoje.
Cada um de nós já ousou se aproximar. E o outro, como num passo sincopado, soube se afastar para que o momento passasse. Fomos timidamente ousados. Fomos ousadamente tímidos.

Mas a cada momento que nossos olhos se cruzam, a cada conversa que entabulamos, uma emoção de primeiro amor se instala.
Sabe aquele amor de aluno prá professora? Aquele desejo adolescente que não se sabe o que fazer com ele? É igualzinho... é a mesma emoção.

Você me pergunta: - Como você está? E eu quase lhe conto toda a minha vida.
Conto o que você quer saber, mas digo também dos filmes que vi, do que eu penso, do que me aflige, do que quero fazer, dos meus sonhos e desejos. Mas não conto de você dentro de mim.
Quando paro de falar você me olha, sorri com os olhos e diz: - O que mais?

Estamos condenados a nunca realizar esse amor.
Estamos fadados à prisão perpétua da emoção infantil, do primeiro amor, do despertar para a vida.
E se for isso. Se for só isso, mesmo assim, já é bom demais.

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