quarta-feira, 11 de março de 2009

Fatal 2

Ouvi muitos comentários sobre o filme.
Ele foi tema de muitas conversas, regadas a vinho e confidências.

O que salta aos olhos é a relação de um homem maduro com uma jovem.
É o que todo mundo comenta. E é a parte central do filme.
Sobre esse tema, é interessante ver que, diferentemente do que se espera, ele fica inseguro diante da determinação dela.
O que ela vê em mim?
O que ela espera de mim?
O que vou fazer quando ela se cansar de mim?
Quando um amor do seu tempo a envolver?
Todos esses são questionamentos que ele tem, que lhe tiram a percepção do tanto que ela o ama, sente orgulho dele, se lhe dedica todo o seu ser.

Mas o filme não é só isso. Essa questão do amor entre gerações é forte, importante, atual, mas não é tudo que o filme traz ao debate.

Existe a relação dele com o amigo. As confidências, a troca de solidões, o apoiar-se psicologicamente, a partilha da visão de mundo, o estar presente na despedida, o viver a ausência do outro.
Esta também é uma outra obra de arte no filme, com uma cena profunda de amor fraterno.

E não fica por aí.
Um homem que foi casado e que sai do casamento deixando filhos quase sempre tem o questionamento dos filhos quanto a sua atitude.
O questionamento do abandono, do amor deixado ao acaso, da carência do outro.
E o filme retrata isso também. Retrata o desespero do filho ao se perceber igual ao pai.
Retrata o encontro do filho com o verdadeiro pai, com os seus princípios, com a sua coragem de ter deixado família para ir em busca do amor companheiro.

Você acha que acabou??? Não.
Tem ainda uma relação de interesse. Um outro encontro de corpos em solidão.
Que tenta e até pode passar a idéia de que é descompromissado, mas o absorvente no banheiro e a mera possibilidade de a cama não ser só dos dois é motivo para cobranças e crises.
Tem também o encontro desses amantes com a visão de futuro, com a realidade, com o triste destino daquele relacionamento.
Você não quer ter um amor? Apenas ficar? Eles também queriam isso.
Veja a real condição desse relacionamento e o progressivo remorso de um encontro casual, de um ficar sem amor.

O filme é muito... é muito mais do que se pode ver na primeira vez que se assiste.
Mas é preciso abrir mente e coração. É preciso não ter preconceitos.

É preciso ter estado, ou estar pronto para esse questionamento.
É preciso ter amado alguém mais jovem, ou mais velho, para entender os sentimentos presentes.
É preciso ter se separado, ter deixado filhos, para reviver a dúvida da partida, os momentos de angústia, a força da convicção.
É preciso ser sozinho para se saber o valor dos amigos, do confidente, do amor fraterno, do medo da perda e da sua irremediavel presença.
É preciso ter ficado, ter sido usado ou usar, ter esquecido do amor, ter acreditado ser possível não amar, para se entender o desenrolar de uma relação improvável.

Se você é esse alguém... não perca o filme... não perca a vida.... não perca as chances que você tem de ser feliz.

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