domingo, 3 de abril de 2011

Anônimos

Eu não sei quem é você.
Pode ser aquela atendente da loja de jeans.
Ou talvez o vendedor da Livraria, não sei.

Talvez tenhamos gosto pela mesma música,
talvez tenhamos nos cruzado no Show do Milton.
Tinha alguém me tampando a visão do palco.
Talvez fosse você, se tiver mais que um metro e oitenta.

Quem sabe nos cruzamos na porta de um restaurante,
eu entrando e você saíndo, ou vice-versa.
Não sei qual de nós almoça mais cedo.

Talvez aquele perfume que senti,
aquele rosto no meio do engarrafamento,
ou na fila do supermercado.

Pode ter sido muito disso, ou quase nada.
Podemos quase nos ter conhecido.
Vizinhos, sócios, amigos, amantes, sei lá!

Somos iguais à maioria dos que cruzam por nós.
Somos o revés do destino, o erro no mapa, a firmeza do acaso.
Somos a prova mais viva da fragilidade de nossa raça.

Anônimos.
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