terça-feira, 31 de março de 2009

Metamorfose

Estou diferente por dentro.
Acho que estou IN DIFERENTE.

Simplesmente Feliz

Fui ver o filme por falta de opção mesmo. Os demais em cartaz eu já tinha visto.

Me arrependi logo nas primeiras cenas...
A mulher ria o tempo todo. Não, não estou falando de alguém que estivesse comigo. A personagem, ela mesma.
Ria o tempo todo, das coisas mais banais. Não tirava uma meia arrastão de garçonete do Café Photo, Star Night ou mesmo do Cabaré da Gilda, e usava umas botas de fazer inveja no Chitãozinho e Chororó.
Parecia mesmo um retardada. Coisa de maluco!!

E não fica por aí não. Tem as amigas, mais doidas ainda. A turma de alunos da escola, a família.
Em todos os lugares ela se apresentava com aquele superficialismo de doer. De dar raiva.

E o filme vai..
Um humor pastelão aqui, uma cena engraçada acolá, e nada do filme engrenar.
Achei mesmo que ela era a versão feminina do Jerry Lewis que, diga-se de passagem, eu detesto.

Até que chegamos na cena do aluno-problema, e ela se depara com uma situação que requer seriedade, iniciativa. Achei que ia decolar daí, mas a cena só serviu para incluir um assistente social na estória. Um cara com quem ela vai se envolver.

Bem, aí você me pergunta:
- Esse envolvimento é o ponto central do filme? E eu lhe digo: - Não!! Esse envolvimento é só para criar o clima para o verdadeiro momento crítico do filme, a relação dela com o instrutor de auto-escola.

Gente, a cena do diálogo do instrutor de auto-escola com ela, depois que ele a vê beijando o assistente social é fantástica.
Nesse momento é que ela percebe o que estava fazendo.

Ela, que parece nunca ter lido o Pequeno Príncipe, se dá conta do tamanho da tristeza que ela provocou no Scott.
Ah! Quem é Scott? É o instrutor de Auto-Escola (matem saudade, o hifen está com os dias contados).
Tudo bem que o Scott seja um cara sistemático, quieto, calado, até sisudo. Mas ele era, antes de tudo, um carente. Um cara que amou a vida que fervilhava nela. Que encontrou nela a sua reconexão com o mundo.

E ela percebeu o que fez. Sentiu o peso da responsabilidade por ter cativado alguém.
E ela reconhece e tem que lidar com o problema.
E o filme termina com ela envolta em água, num lago, num grande útero. Não mais tão risonha quanto no início do filme, mas igualmente feliz.

Bem-vinda, maturidade.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Mnemosine

Ontem aprendi sobre essa deusa.
Nem sabia que ela existia, mas isso é um privilégio dos deuses.
Eles se mostram quando querem.

Mnemosine representa a memória.
Uma deusa das mais poderosas.

Assim como a memória, Mnemosine deve ter apelidos, não sei. Não cheguei ainda na sua intimidade.
Mas a memória tem.

A memória se chama recordação quando ela traz imagens boas de um tempo que já se foi.
Além de imagens, a recordação traz cheiros, pessoas, lugares, sentimentos.
Recordar é reviver novamente aqueles momentos. É ser feliz novamente.
Recordar é não deixar que a morte vença.
É trazer à vida aqueles a quem amamos, é mantê-los junto a nós, apesar da distância, do tempo, da dimensão.

A memória se chama remorso quando essas imagens são de coisas que não deveríamos ter feito.
De coisas que fizemos por culpa de nossa infantilidade, de nossa imaturidade, de alguma falta de paciência, de amor, de princípios ou valores.
O remorso é uma memória poderosa, que traz para o nosso corpo as dores que inputamos à alguém. O remorso é o castigo em vida, é a Lei de Causa e Efeito em ação.
O remorso é a lembrança de que devemos nos superar, crescer, evoluir, sublimar. E, por esse lado, também é uma dádiva de Mnemosine.

A memória também se chama saudade. Saudade é a memória dos amantes que se despedem.
É o rastro do amor que se vai, é a tristeza que se instala, a incapacidade de mudar o rumo das coisas.
A saudade, como já dizia o poeta, "a saudade mata a gente".
Mas a gente só tem saudade de amor que vale a pena, que é profundo, verdadeiro, digno.
"Ficar" não deixa saudade. Saudade é efeito colateral do amor verdadeiro.

Mas aí está Mnemosine, a grande deusa da memória.
Que ela permaneça em mim para sempre, por muitos e muitos anos, porque quando ela se vai,
se instala em nós um outro deus, muito poderoso.

Alzheimer, o deus do vazio, da vida sem memória..

domingo, 29 de março de 2009

Pernas prá que te quero...

Hoje o dia precisaria de um final de semana para se realizar.
E tinha compromisso, viu??!!

Começou às 6:00 da manhã. Isso lá são horas de um ser humano acordar???
Pois é. Mas teve muita gente que acordou, e uma delas fui eu.
Bem, acordar é maneira de dizer.
Me levantei às 6:00 e quando abri os olhos já eram 8:00 horas, e eu estava numa avenida que se fecha ao trânsito no domingo, para dar lugar às atividades de lazer.

Quando dei por mim estava rodeado de gente, todas de tênis, fazendo alongamento para uma corrida de 7 Km.
Tá duvidando??... Eram 7 km mesmo. Eu não escrevi errado não.

A nossa turma estava bem animada, porque era só um treino para o desafio que será no próximo domingo. Corremos todos os 7 km, e correrriamos mais, se o côco gelado ficasse um pouco mais longe de onde paramos. Como ele estava logo em frente, estrategicamente em frente ao final do percurso, não teve jeito. Vai um côco gelado aí?

Depois um Açai no Pontão, com vista "prô mar". Maravilha!!!

Um banho e lá vamos para um churrasco de aniversário, e o encontro com os amigos, que é sempre bom.
Do churrasco, corri para um compromisso no Jardim Botânico. Um não, três. Mas num deles recebi bolo da amiga que marcou comigo.

Do JB, uma rápida troca de camisa e lá vamos prô cinema.
Pipoca, refrigerante, um filme louco que se explica no final, e já são quase 22:30 horas.

Eu disse 22:30? Meu Deus, saí de casa às 11:00.
Lembro da corrida, minhas pernas doem.
Lembro do churrasco, deveria ter tido azia, mas não tive.
Lembro do JB, e meu coração está feliz por celebrar tantas coisas boas.
Lembro de você e começo a rir tudo de novo. Somos mesmos meninos travessos.

Chego em casa. Ligo o micro e estou aqui escrevendo o Blog com 17 horas de atraso.
Pernas, prá que te quero???? Prá me trazer prá casa, depois de um dia cheio de alegrias e saudade.

sábado, 28 de março de 2009

Um certo alguém..

Há certas horas que não precisamos de um amor de cinema..
Não precisamos da paixão desmedida..
Não queremos beijo na boca..
E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama..

Há certas horas, que só queremos a mão no ombro,
o abraço apertado ou mesmo, tão somente, o estar ali, quietinho, ao lado..
Sem nada dizer..

Há certas horas,
quando sentimos que estamos pra chorar,
que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente,
a nos fazer sorrir...

Alguém que ria de nossas piadas sem graça,
Que ache nossas tristezas as maiores do mundo,
Que nos teça elogios sem fim.
E que apesar de todas essas mentiras úteis,
nos seja de uma sinceridade inquestionável.

Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado..

Alguém que nos possa dizer:
- Acho que você está errado, mas estou do seu lado..

Ou alguém que apenas diga:
- Sou seu amor! E estou aqui!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Sobre Forró e Jacas

Estava escrevendo sobre alegria no texto de hoje, e me lembrei que sou feliz de muitas formas.

Hoje, por exemplo, é dia de forró.
De pisar no pé dos outros, de ficar com torcicolo, dor nas juntas, pé cansado.
Hoje é dia de rir, de fingir que sei dançar, de comer o churrasquinho bem devagar, para não dar a entender que não estou dando conta da parceira.

É dia de conversa boa, de ser paparicado, de fazer alguém feliz.
Hoje é sexta-feira. Dia de voltar prá casa cedo, porque amanhã tem trilha, mas não tão cedo.

Mas essa sexta-feira é mais especial.
Hoje também é dia de colher jaca.
Pois é.
Resolvi que iriamos roubar jacas no canteiro central de uma avenida aqui da cidade.
Lá tem muita, mas muita jaca.

Queria coisa de bandido.
Queria capuz negro, roupa camuflada, trilha sonora de filme de ação.
Queria helicóptero, SWAT, BOPE, perseguição, tiros e rajadas de metralhadora.

Falei isso tudo prá uma amiga. Sabe o que ela me disse?

- JB, não precisa disso tudo não. O Governo não está dando conta de pegar os bandidos de verdade, vai se importar com ladrão de jaca? Ainda mais as jacas públicas (é verdade, a jaca aqui é de todo mundo, ou de quem chegar primeiro).

E completou:
- Tenho um amigo que tem um quintal cheio de jaca. Ligo para o TELEJACA (nem sabia que existia) e ele me arruma umas.

Então, para não perder a emoção, comprei o DVD do Carga Explosiva 3 para assistir, enquanto fico comendo jaca com os pés prá cima, doloridos, de tanto dançar forró.

Mais uma vez..

Toda manhã conversamos.
Já virou rotina. Acordo, e já encontro um monte de Bom Dia pelo meu MSN.

É incrível como a gente se apega quando existe carinho.
Já diziam prá mim: - Não precisa muito, apenas que seja sincero.
É verdade.

A gente conversa sobre tudo. Sobre o mundo.
Mas gostamos mesmo é de conversar sobre nós dois.
Cada um fala de si. Do que é, do que gosta, de onde veio, prá onde vai.
Dos sonhos que a gente tem, dos medos que nos perseguem, da vida que flui.

Quando teclo com ela é como se eu me colocasse em frente a mim mesmo.
Penso, reflito, me enxergo melhor.
Sei o que sou, e o que quero ser.
Acho que amizade é isso. É a gente fora de nós.
É alguém que nos olha com os olhos da nossa mãe.

Alguém que diz que não doeu tanto, que precisamos cortar as unhas, que o cabelo está grande.
Que sabemos nos vestir, que aquela roupa ficou bem em nós, etc. etc.

Amigos nos permitem ser como nós somos. Nem melhor, o que levaria à frustração do amigo, nem pior, o que levaria a nossa frustração, ao descobrir que alguém nos vê menor do que somos.

Amigos nos vêem na medida certa, e sempre querem que a gente seja mais. Que a gente se supere, que a gente vença, seja forte, ame de verdade, atinja nossos objetivos.

Por isso que, a cada manhã, acordo e digo prá mim mesmo:
- Serei feliz, mais uma vez. E corro prô micro.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Gran Torino e o Arquétipo de Áries

Fiquei devendo uma outra abordagem do filme, e como promessa é dívida, chamei o meu amigo Dr. Google para me ajudar na pesquisa sobre o tema.

Uma das abordagens que gostaria de fazer é bem dentro da minha área.
Vi o filme também como uma manifestação política de uma realidade econômica.
E qual seria essa abordagem econômica?

Se a gente observar bem, o Sr. Kowalski representa um Estados Unidos que não resiste mais.
Um país de grandes indústrias, forte, imponente, soberano, imperialista, representado pelo jeito durão, seco, severo e de poucos amigos do Sr. Kowalski.
Essa Velha América tem que se render ao novo. Aos novos carros, novos povos, à miscigenação. Essa Velha América está falida, com uma ditadura do mais forte que já não encontra amparo no Mundo Novo.
E ela se reconhece no ocaso e se alinha com o sacrificio de morrer para que uma Nova América se coloque no lugar.

Mas, o estudo da Filosofia e da Astrologia também me permitiu uma visão mitológica do filme.
Estou falando dos arquétipos, que podem ser considerados a base e a motivação de toda a vida psicológica, individual e coletiva. Enquanto a mitologia dá ênfase às manifestações culturais dos arquétipos, a astrologia utiliza os próprios princípios arquetípicos essenciais como sua linguagem, para poder compreender as forças e as configurações presentes tanto na vida individual quanto na cultural.

E o Sr. Kowalski representa o Arquétipo de Áries.
Áries, na astrologia, representa a coragem, a independência e a ousadia, por um lado. Mas representa também a inconsequência, a impaciência, a imprudência. Todos esses traços a gente reconhece no personagem principal de Gran Torino.
Ele é a personificação de Áries.
É o impulso que rompe a inércia, que se lança frente aos desafios, remove os obstáculos e atinge o fim esperado. Ele aceita os riscos, os desafios, porque acredita no seu ideal, no seu sonho, no seu objetivo.

Bem, é mais ou menos por aí....não sou especialista nem em astrologia,
muito menos em mitologia.

Vale, ao final, deixar uma mensagem que achei nas pesquisas e gostei muito. Vem de Horácio:

Multa renascentur, quae jam cecidere cadentque,
Quae nunc sunt in honore..

Tecla SAP:

Muitos que estão enterrados há longo tempo ressurgirão,
e muitos que hoje estão cercados de honras, submergirão.

quarta-feira, 25 de março de 2009

O erro do segundo mandamento

Tem um erro no segundo mandamento.
Ama ao próximo como a ti mesmo, diz a Tábua da Lei.

Mas, e como é que eu me amo???
Será que devo mesmo levar ao próximo o amor que tenho para comigo???
Fui assistir Gran Torino e saí de lá com essa dúvida.

O filme é fantástico, como são fantásticos todos os filmes do diretor Clint Eastwood.
"Pontes de Madison" e "Sobre meninos e lobos" são os grandes exemplos desse Senhor das Emoções.

O carro, que dá nome ao filme, é a real expressão da necessidade de manutenção das coisas.
Ele, Sr Kowalski, um ex-funcionário da Ford, retira da linha de montagem um Gran Torino, para preservá-lo na sua garagem.
Ele não quer que as coisas mudem. Mas se vê sufocado por tantas mudanças que a vida lhe traz.

A guerra muda sua vida, sua perspectiva de família, sua visão de mundo.
Sua vizinhança muda, saindo seus antigos vizinhos e chegando imigrantes Hmong, do Laos.

Mas, no meio desse caos, seus princípios não mudam.
Ele se recusa a ser visto como um inválido pela família, e demonstra sua força quando percebe que a injustiça toma conta do bairro.


Um homem amargo, com tristeza nos olhos, cansaço na voz e peso nas pernas.
Um homem envelhecido, sem motivos que lhe justifiquem esperar o dia seguinte.
Um homem preso ao passado, que lustra o carro que não usa e que mora num lugar que já não reconhece como seu.

Mas um homem que reconhece o valor da amizade, do respeito, da admiração.
Um homem que tem guardado dentro de si seus valores, não esquecidos.
Um homem que sabe o tanto que somos responsáveis por aquilo que cativamos.
É a redenção de um homem, salvo por seus mais nobres princípios.

Esse homem entrega sua agora curta vida, para que outros a tenham em plenitude.
Esse homem resgata um segundo mandamento, que muitos de nós não deveriamos estar professando.

Não por falta de amor ao próximo, mas por falta de amor a nós mesmos.

terça-feira, 24 de março de 2009

A vida? A vida é uma só...

INICIE
TENTE
MUDE
INVENTE
SUPERE
VIVA.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Vice-Versa

Algumas coisas são muito iguais, tanto na ida, quanto na volta. Tanto no sentido normal, quando se for invertido.
Na matemática ensinam muito isso. Os matemáticos e físicos se vangloriam de sua ciência porque, dizem, "a ordem dos fatores não altera o produto". É assim e pronto.
Do jeito que você fizer continuará dando o mesmo resultado.
E isso, mesmo para uma ciência, é algo fantástico.

O português já não é assim. E se me permitem, vou colocar um Graças a Deus no final da frase.
Estava relendo minha última postagem (Totalidade e Síntese), e notei que escrevi que "saí do cinema sem nada falar".
Pensei em editar e mudar para "saí do cinema sem falar nada", o que tornaria a frase mais direta, mas acabei deixando como estava porque descobri que não é a mesma coisa.
"Sem falar nada"quer dizer que eu teria alguma coisa a dizer, e não disse.
"Sem nada falar" é a condição na qual eu saí do cinema. Poderia ter alguma coisa a falar ou não. A frase não dá a certeza de nada. A única certeza é de que saí calado, mudo.

Adoro o português. Devoro livros.
Depois que começei a blogar, então, mais ainda, porque começei a perceber a sutileza na intenção das palavras.
Isso mesmo. Palavras têm intenções.
Quando você escreve, na verdade está pedindo ajuda às palavras para expressar seu sentimento. Você as agrupa segundo o seu entendimento, e elas dão significado a sua mensagem.

Palavra dita, o vento leva. Se leva, o interlocutor esquece. Se não leva, mesmo assim o entendimento é reforçado pelo olhar, pela entonação, pelo momento, local e circunstância, temperatura, pressão atmosférica, fuso horário, etc. etc.

Já a palavra escrita, não.
Você não disse o que pensou dizer. Você disse o que está escrito.
Você disse o que o leitor leu e entendeu.
Sua chance de dizer o que você queria dizer acabou quando você publicou o que escreveu.
Se escolheu bem as palavras, os acentos, as vírgulas, pausas, entonações, melhor para você. Se não escolheu, paciência. Você será o resultado das suas frases.

Os romanos já sabiam disso, e não se limitavam a invadir outros territórios. Para a total submissão dos conquistados, eles lhes roubavam os deuses e a língua, impondo a eles os deuses e a língua romana, o latim.

Por fim, é bom saber que vice-versa é a verdade pura, a verdade dos matemáticos, que não é a verdade dos sábios.
Os sábios reconhecem que a verdade é a frase debatida, discutida, entendida.
E que a verdade verdadeira não é a dita, é a entendida.
Porque a versão de quem ouve é mais forte do que a verdade de quem diz.

domingo, 22 de março de 2009

Totalidade e Síntese

Assisti de novo ao filme O SIGNO DA CIDADE.

No cinema, vi o filme transcorrer na minha frente. Tudo acontece, e não existe um porque, uma justificativa, um motivo banal ou concreto para que as coisas aconteçam.
Elas, apenas, acontecem.

Saí do cinema sem nada falar. O que vi, naquela sala de projeção, era a vida acontecendo, como num poema de Alberto Caieiro:

"Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentio como o sol e a água,
De uma religião universal que só os homens não têm.
Fui feliz porque não pedi coisa nenhuma,
Nem procurei achar nada,
Nem achei que houvesse mais explicação
Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.

Não desejei senão estar ao sol ou à chuva –
Ao sol quando havia sol
E à chuva quando estava chovendo
(E nunca a outra coisa),
Sentir calor e frio e vento,
E não ir mais longe.

Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão –
Porque não tinha que ser.
"

Ao rever o filme, me veio a mesma sensação da primeira vez. Mas um sentimento sem medo, sem rancor, sem dúvidas.
Gente, a vida simplesmente acontece.
Tem gente que morre, gente que nasce, gente que é abandonada, negada, perdida. Tem heróis e bandidos, ambos sem rótulo, sem máscara. Tudo isso somos nós.

Eu vejo o filme, e me vejo ali. Sou diferente, mas me sinto igual. Poderia ser eu a salvar a criança, a fazer o parto, a tomar o tiro. Poderia se eu a me cortar, a saltar da janela, a buscar o amor de qualquer forma.

Eu me utilizo dos mesmos elementos que as outras pessoas para me construir, para existir, para me fazer inteiro. Na formação da nossa personalidade todos nós nos valemos dos mesmos insumos, do mesmo locus, da mesma sociedade. Somos iguais na síntese.

Alguns tiveram famílias e locus diferentes e sairam-se melhores do que eu. Uns por melhores condições, outros, porque souberam se superar, sublimar, evoluir.

Na verdade, a vida que temos é a vida que escolhemos ter.
Somos diferentes na individualidade, mas somos iguais na totalidade.
E assim vamos, Totalidade e Sintese.
Todos, sempre, muito iguais nas suas diferenças.

sábado, 21 de março de 2009

Opção Preferencial

Já aconteceu de, ao passar por uma determinada experiência, ter a sensação de que jamais vai esquecê-la?

Pois é, isso me aconteceu uns tempos prá trás. Acho que o dia era 18.
Me mandaram a letra de uma música do Chico Buarque. Me parece que é "Deixa a Menina", um belo samba.
Fiquei cantarolando ele o dia todo, mas não tinha decorado a letra toda. A todo momento parava num pedaço que era mais ou menos assim:

"porisso, para o seu bem, ou tira ela da cabeça ou mereça a moça que você tem".

Eta pedacinho que pega a gente e a gente não consegue passar para outra estrofe.

Fiz tudo que tinha que fazer no dia cantando a tal música, e me agarrando na danada da estrofe.
Não sei o que motivou o Chico a compor a música, mas é um sambinha dos bons. E a menina deve ser também, porque junto à ela "tem mil homens, sempre tão gentis".

Já estava entrando numa loja de CD para comprar o disco, para tentar cantar a música por inteiro quando, já dentro da loja, escuto Lupicínio Rodrigues na voz do Paulinho da Viola. Que coisa maravilhosa. Ele dizia:
"Nunca...
Nem que o mundo caia sobre mim,
Nem se Deus mandar, nem mesmo assim,
as pazes contigo eu farei"...

Sabe de uma coisa? Que me perdoe o Chico, mas saí da loja com o CD do Paulinho da Viola debaixo do braço.

E acho que fiz a melhor opção da minha vida.

O Outro

Clarice Lispector

sexta-feira, 20 de março de 2009

Resignificar-se

Todos nós evoluímos.
Trocamos de pele como as cobras e as árvores.

As vezes a evolução provêm do tempo.
Crescemos, amadurecemos, evoluímos.

As vezes a evolução vem de momentos ou situações que vivemos.
A evolução daí decorrente é um rompimento, uma explosão.
A negação do eu antigo, do eu velho, para surgir do novo.

O processo de evoluir é o mesmo processo de resignificar-se.


Então não envelhecemos, apenas resignificamos.
Se crescemos em atitudes, maturidade e espiritualidade
estamos saindo do velho para o novo. Estamos rejuvenescendo.

Quando nos resignificamos, estamos mais leves, mais sutís.
Estamos mais próximos do Divino, do Sagrado.

Somos como que o Benjamin Button.
Talvez não com o corpo, mas seguramente, com a alma, com o espirito.

quinta-feira, 19 de março de 2009

O Centro do Mundo

Professora, o que é mundo? perguntou o garoto da segunda série.
Mundo, respondeu ela, é um punhado de terra e água em volta de Caratinga.

Agora, dá prá deixar de amar uma cidade como esta??? hein??!!!

Ehyeh Asher ehyeh

A melhor maneira de se destruir um oponente é
levando-o a se destruir a si próprio.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Como fazer para ser feliz..

...
"Procure os seus caminhos,
mas não magoe ninguém nessa procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!

Não se acostume com o que não lhe faz feliz,
revolte-se quando julgar necessário.

Alague seu coração de esperanças,
mas não deixe que ele se afogue nelas.

Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!

Se estiver tudo certo, continue,
Se sentir saudades, mate-a.

Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!"

(Fernando Pessoa)


para você, que adora suco de laranja com limão e salsinha.

terça-feira, 17 de março de 2009

Gente Minha

Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá...
Sempre achei meio sem propósito ter palmeiras e sabiá cantando..

Minha terra tem mais que isso.
Agora, então, com o Gente Minha, vejo que minha terra tem muito mais.

Minha terra tem gente amiga, amorosa e companheira.
Minha terra tem histórias, tem saudades, tem memória.

Minha terra tem batalhas, gente forte, tem vitórias.
Minha terra tem pessoas que ganharam asas, mas não esqueceram as raizes.

Minha terra tem valor, tem ética, tem princípios.
Minha terra tem tudo o que de melhor eu trago em mim.
E além de tudo isso, que não é pouco, tem também palmeiras e sabiás.

Nós te amamos, Caratinga.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Alguém que me ame de verdade


Cheguei ontem de viagem e estava doido para fazer alguma coisa.
Pensei num cinema.
Dei uma olhada nos filmes em cartaz e esse me chamou a atenção de imediato, pelo título
ALGUÉM QUE ME AME DE VERDADE..

Fui... nem queria saber do enredo, diretor, nacionalidade, nada.... Fui....
Com esse nome? Eu assistiria de olhos fechados, deixando que meu pensamento criasse o próprio filme.

Alguns títulos deveriam ser proibidos:
Alguém que me ame de verdade..
E o vento levou..
Sob o céu da Toscana..
e muitos outros..

Esses títulos já são um filme em si. Você ouve o título e já começa a viajar no filme.

Mas, afinal, não fechei os olhos, e vi o filme até o final.
Não era o que o título prometia. É mais um documentário sobre costumes em nações de tradições fortes, como a muçulmana e a judia.
O filme mostra a eterna guerra entre Tese e Antítese. A Tese firmando para se manter, e a Antítese contestando o "status quo", pedindo seu espaço, querendo se colocar como Tese.

As duas meninas, lindas por sinal (Zoe Lister Jones e Francis Benhamou) , cada uma com seus costumes e hábitos, buscando alguém para amar de verdade, e não aceitando os que a familia escolhe para elas. Querem opinar, querem escolher, querem amar o escolhido.

No final, no finalzinho, o diretor, que poderia ter acabado o filme só com a cena das duas no banco do jardim, sem nada a dizer, resolve colocar um diálogo em que as duas atestam a capacidade de manipular os homens, de os administrarem, de não serem leais.

E ai??? Cadê o AMAR DE VERDADE???? Onde ficou o amor, que deveria se propor a ser real, honesto, leal e fiel??

No finalzinho, quer saber, o filme estraga completamente o título.
Inshallah..
Shalom..
.. Vai saber!!!



sábado, 14 de março de 2009

Socorra-me

"Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras.
Se pudesse, pediria a ela que fosse embora, mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta.
Arranque-me, senhora, as roupas e as dúvidas. Dispa-me"


(Eduardo Galeano - O Livro dos Abraços)

Seguir vivendo..

"O senhor entende né, que o que eu conto assim é resumo:
pois no estado do viver, as coisas vão enqueridas com muita astúcia:
um dia é todo para a esperança,
o seguinte para a desconsolação"

(Guimarães Rosa - Grande Sertão:Veredas)

Vem aqui ...me dá um abraço..

"Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem,
ao mais alto de seu vôo. No mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros,
vozes de dor, embora seja dor jubilosa e, pensando bem, não há nada de estranho nisso.
Porque nascer é uma alegria que dói.

Pequena morte, é como chamam na França a culminação do abraço,
que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e perdendo-nos, faz por encontrar-nos,
e acabando conosco nos principia.
Pequena morte, dizem, mas grande, muito haverá de ser se, ao nos matar, nos nasce."

Eduardo Galeano

sexta-feira, 13 de março de 2009

Viver a dois..

"Só se pode viver perto do outro,
e conhecer a outra pessoa,
sem perigo de ódio,
se a gente tem amor.

Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.

Deus é que me sabe"


Guimarães Rosa

Prá onde ir???

"Meu cavalo era bom, eu tinha dinheiro na algibeira, eu estava armado.
Virei vagaroso. Meu rumo mesmo era dos mais incertos.
Viajei, vim. Acho que não tinha vontade de chegar em nenhuma parte."
...
"Tem horas em que penso que a gente carecia,
de repente, de acordar de alguma espécie de encanto.
As pessoas, e as coisas, não são de verdade".

Viver??

'Viver é um descuido prosseguido"


(Guimarães Rosa - Grande Sertão: Veredas)

A Idade da Razão 2

"Talvez não possa ser de outro modo;
talvez seja preciso escolher não ser nada, ou
representar o que se é.
Mas é terrível essa trapaça da nossa própria natureza."

(J P Sartre)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Não se engane... tudo é amor...

"O ódio não existe...
A saudade não existe...
Nada existe que não
Tenha antes sido
elaborado com amor!"

(Clarice Lispector)

A Idade da Razão 1

"Existir é isso: beber-se a si próprio, sem sede"

(J P Sartre)

Força e Coragem..

"É preciso ter força para ser firme, mas é preciso coragem para ser gentil.
É preciso ter força para se defender, mas é preciso coragem para baixar a guarda.
É preciso força para se ganhar uma guerra, mas é preciso coragem para se render.
É preciso ter força para estar certo, mas é preciso coragem para ter dúvida.
É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los.
É preciso ter força para ficar sozinho, mas é preciso coragem para pedir apoio.
É preciso ter força para amar, mas é preciso coragem para ser amado.
É preciso ter força para sobreviver, mas é preciso coragem para viver."

(autor desconhecido)

quarta-feira, 11 de março de 2009

Fatal 2

Ouvi muitos comentários sobre o filme.
Ele foi tema de muitas conversas, regadas a vinho e confidências.

O que salta aos olhos é a relação de um homem maduro com uma jovem.
É o que todo mundo comenta. E é a parte central do filme.
Sobre esse tema, é interessante ver que, diferentemente do que se espera, ele fica inseguro diante da determinação dela.
O que ela vê em mim?
O que ela espera de mim?
O que vou fazer quando ela se cansar de mim?
Quando um amor do seu tempo a envolver?
Todos esses são questionamentos que ele tem, que lhe tiram a percepção do tanto que ela o ama, sente orgulho dele, se lhe dedica todo o seu ser.

Mas o filme não é só isso. Essa questão do amor entre gerações é forte, importante, atual, mas não é tudo que o filme traz ao debate.

Existe a relação dele com o amigo. As confidências, a troca de solidões, o apoiar-se psicologicamente, a partilha da visão de mundo, o estar presente na despedida, o viver a ausência do outro.
Esta também é uma outra obra de arte no filme, com uma cena profunda de amor fraterno.

E não fica por aí.
Um homem que foi casado e que sai do casamento deixando filhos quase sempre tem o questionamento dos filhos quanto a sua atitude.
O questionamento do abandono, do amor deixado ao acaso, da carência do outro.
E o filme retrata isso também. Retrata o desespero do filho ao se perceber igual ao pai.
Retrata o encontro do filho com o verdadeiro pai, com os seus princípios, com a sua coragem de ter deixado família para ir em busca do amor companheiro.

Você acha que acabou??? Não.
Tem ainda uma relação de interesse. Um outro encontro de corpos em solidão.
Que tenta e até pode passar a idéia de que é descompromissado, mas o absorvente no banheiro e a mera possibilidade de a cama não ser só dos dois é motivo para cobranças e crises.
Tem também o encontro desses amantes com a visão de futuro, com a realidade, com o triste destino daquele relacionamento.
Você não quer ter um amor? Apenas ficar? Eles também queriam isso.
Veja a real condição desse relacionamento e o progressivo remorso de um encontro casual, de um ficar sem amor.

O filme é muito... é muito mais do que se pode ver na primeira vez que se assiste.
Mas é preciso abrir mente e coração. É preciso não ter preconceitos.

É preciso ter estado, ou estar pronto para esse questionamento.
É preciso ter amado alguém mais jovem, ou mais velho, para entender os sentimentos presentes.
É preciso ter se separado, ter deixado filhos, para reviver a dúvida da partida, os momentos de angústia, a força da convicção.
É preciso ser sozinho para se saber o valor dos amigos, do confidente, do amor fraterno, do medo da perda e da sua irremediavel presença.
É preciso ter ficado, ter sido usado ou usar, ter esquecido do amor, ter acreditado ser possível não amar, para se entender o desenrolar de uma relação improvável.

Se você é esse alguém... não perca o filme... não perca a vida.... não perca as chances que você tem de ser feliz.

terça-feira, 10 de março de 2009

O que não está dito

Você sabe! Eu sei que você sabe.
Eu olho para você e você sabe que meu olhar tem algo mais.
Não consigo esconder. E, pasme, vivo dividido entre você perceber e deixar passar.

As vezes gostaria que você não percebesse ou, se assim o fizesse, deixasse passar.
Se eu tivesse certeza disso, abriria mais meu olhar, sorriria mais com os olhos.
Olharia prá você com menos medo do que eu tenho hoje.

As vezes fico doido para você perceber, mas não sei o que você sentirá.
Se se afastar, vou perder o pouco que tenho, vou perder a ilusão de sonhar com nós dois.
Se não se afastar, eu não sei se teria coragem de seguir para o próximo passo.

Talvez nosso amor seja o ideário do amor romântico, do amor desejado mas não realizado.
O amor de Tristão e Isolda, o amor impossivel.
Quando você me olha e sorri, eu sei que você sabe. E fico feliz.

Nós já tivemos chances. Elas já foram maiores do que são hoje.
Cada um de nós já ousou se aproximar. E o outro, como num passo sincopado, soube se afastar para que o momento passasse. Fomos timidamente ousados. Fomos ousadamente tímidos.

Mas a cada momento que nossos olhos se cruzam, a cada conversa que entabulamos, uma emoção de primeiro amor se instala.
Sabe aquele amor de aluno prá professora? Aquele desejo adolescente que não se sabe o que fazer com ele? É igualzinho... é a mesma emoção.

Você me pergunta: - Como você está? E eu quase lhe conto toda a minha vida.
Conto o que você quer saber, mas digo também dos filmes que vi, do que eu penso, do que me aflige, do que quero fazer, dos meus sonhos e desejos. Mas não conto de você dentro de mim.
Quando paro de falar você me olha, sorri com os olhos e diz: - O que mais?

Estamos condenados a nunca realizar esse amor.
Estamos fadados à prisão perpétua da emoção infantil, do primeiro amor, do despertar para a vida.
E se for isso. Se for só isso, mesmo assim, já é bom demais.

Fatal

"Ela? Só uma menina..
E eu pagando pelos erros
que eu não sei se cometi, ou não.

Era só uma menina,
e eu deixando que ela faça
o que bem quiser de mim.

Seu eu queria enlouquecer
essa é minha chance,
é tudo o que eu quis.

Se eu queria enlouquecer,
esse é o romance ideal."

Paralamas do Sucesso


(acalanto do nosso amor impossível)

segunda-feira, 9 de março de 2009

O pouco que tenho e o muito que sou

Nosso tempo de amor se foi,
ficaram o respeito e a admiração.

Ficaram também a paz e a suavidade de nossos gestos.

Ficamos disponíveis um para o outro,
para que nenhum de nós se sentisse só.

Ficamos abertos a diálogos e confidências,
para que nosso entendimento crescesse com nossa maturidade.

Meu mundo não é grande,
não tenho muitas pessoas a quem amar ou recorrer.

Sou de poucos amigos, e você sabe disso.
São poucos porque são especiais.
E se eu procurar pluralizar meus amigos, perco a essência de cada um.

Se estou sozinho é porque escolhi estar sozinho.
Meus amigos não são pontes para você chegar até mim.
Não é justo entrar no meu mundo por outra porta que não seja a minha.
Não reduza esse meu pequeno mundo a uma ilha.

Deixe-me com o pouco que escolhi prá ficar,
porque esse pouco, prá você, não é nada,
mas é tudo prá mim.

Desde o dia em que nasci...

Eu nasci do amor..
O amor me fez..
O amor alegrou minha alma..
O amor alimentou meus sonhos..

Eu nasci da crença
de que esse mundo vale a pena..
de que a felicidade existe..
de que nunca estarei sozinho..
de que alguém nasceu para mim..

Vivo, desde o dia em que nasci,
A certeza de que, em algum momento,
meu olhar vai encontrar seus olhos,
e o meu propósito de existir estará completo.

Não me decepcione, por favor..

domingo, 8 de março de 2009

Escravo da Liberdade

Acordo todo dia sem compromissos a realizar.
Dias comprometidos? Já os tive de montão.

Ao acordar decido o que fazer, sem atropelos.
Posso repetir uma atividade, como fazer um pedal pela manhã, ou nadar no horário do almoço.
Ou posso fazer qualquer outra coisa. Sou livre.

E essa liberdade eu a tenho todos os dias. Para o resto de minha vida.
As pessoas me invejam. As que trabalham e têm compromissos assumidos, me invejam.
Queriam ter dias assim. Mas só os conseguem nas férias, por poucos dias.

Posso fazer o que eu quiser. E o que mais me tem ocupado a mente é achar coisas para fazer.
Tudo o que penso fazer, faço. Minha liberdade é total.
Tão intensa, tão liberdade, que não sei o que fazer dela.

Lí que ser escravo é não ter opções, é ser subjulgado, ser cativo.
Eu tenho muitas opções, e não sou, pelo menos formalmente, subjulgado.

Li que liberdade é poder fazer o que se quer, na hora que se quer, da maneira que se quer.
Isso eu posso. Então sou livre.

Mas eu queria não ter tantas opções, tantas alternativas.
Eu queria ter variações nos meus dias. Compromissos aqui, descanso alí.
Ao invés, tudo é igual. Nenhum dia, para mim, é domingo. Todos os são.

Sei o que é liberdade, sei o que é escravidão.
Mas nunca me imaginei, um dia, sendo escravo dessa tal de liberdade.


(prá você, que me pediu para explicar os dois conceitos)

Devolva-me

"Hoje eu acordei
Olhei no espelho e não me vi
Quem é você? Me perguntei , e não me respondi

Pare de me olhar com essa cara de mim
A vida inteira prá me achar, só para me perder no fim

Quem me encontrar, por favor, devolva-me..."

K-Sis

sábado, 7 de março de 2009

O que o vento não levou.....

"No fim tu hás de ver que as coisas mais leves
são as únicas que o vento não conseguiu levar:

Um estribilho antigo,
um carinho no momento preciso,
o folhear de um livro de poemas,
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...."

Mario Quintana

Como era Verde aquele Azul

Todos nós temos uma forma de ver o mundo. A nossa forma.
Todos nós temos princípios e valores. Alguns mais, outros menos. Mas todos os temos.

Olhamos o mundo com nossas lentes. Reagimos ao que vemos, e daí seremos felizes ou não.
Teremos arrependimentos ou saudades.

Quando confiamos em alguém é como se delegássemos a esse alguém nossa visão de mundo.
Quando acreditamos em alguém é porque queremos ver o que ela vê, e nos sentimos seguros e felizes com o que ela nos reporta.

E quando o que ela vê é diferente do que ela conta que vê?
E quando descobrimos que recebemos informação truncada, diferente das paisagens que correm nos olhos dela.
Sentimo-nos traídos, desconfiados, inseguros.

A primeira coisa que ocorre é passarmos a duvidar de tudo o que ela diz.
Se diz: - Vi um pássaro, queremos confirmar se é um pássaro mesmo. Pode ser um carro, um trem, ou mesmo pode não ter nada a ser visto. Não sabemos, porque perdemos a confiança.
Pode ser aquilo que ela diz, ou pode ser mais um trilhão de outras possibilidades, vai saber.

A confiança é algo tão importante, mas tão importante, que deveria estar na frente do amor como sentimento. Só não está, porque o amor é um coletivo de sentimentos, e a confiança faz parte dele.
Sem confiança, o amor derrete, apodrece, se acaba.

Acho que ninguém me falou nada a esse respeito durante toda a minha vida.
Se me disseram, talvez eu fosse imaturo demais para perceber.
Ou romântico demais, imaginando que o amor vence tudo, que o amor se basta, que o amor supera.

Não é verdade. Antes de o amor chegar, quem chega é a confiança.
E quando a confiança vai embora, tenha certeza, o amor já está de malas prontas.

sexta-feira, 6 de março de 2009

SIM, SENHOR (Yes, Man)

Fui ver "Sim, Senhor", com Jim Carrey.
Tinha tempo, companhia, fui.
Quase como se fosse uma boa opção.

O filme não decepciona, mas também não espere um espetáculo.
Parece simples, beirando ao ridículo, mas tem uma boa mensagem escondida.

É que, de repente, o cara passa a dizer SIM a tudo.
E as coisas começam a dar certo para ele. Tudo se encaixa.
E a vida dele que era vazia, sem ninguém, sem sentido, passa a ser uma vida a ser vivida.

Não é o SIM que transforma sua vida. Até parece que é, mas não é.
O que transforma sua vida é a predisposição de achar que aquela é a boa opção.
Que tudo que ele escolhe, que diz SIM, é a opção acertada, é o que deve ser feito.

Pense bem. Se nas suas decisões você estiver VERDADEIRAMENTE acreditando que é o correto a fazer, você não sofrerá, não terá dúvidas, não ficará sofrendo pela opção desprezada.

Ao passar por uma encruzilhada você não ficará olhando para o caminho não escolhido, quase que quebrando o pescoço de tanto olhar para trás, buscando no passado a certeza de que fez a opção certa.

Ao invés de apostar no novo caminho, fazer com que ele seja a sua realidade, você fica aprisionado ao momento da decisão e ao passado, sofrendo a dor da perda da opção rejeitada.

Isso é que é legal no filme. Essa é a única mensagem.
Seja feliz com suas opções, com suas decisões. Não as questione.
Claro que você deve sempre ponderar, pensar, refletir, aguardar o tempo que tiver para não tomar a decisão de forma precipitada.
Mas, DECIDIU? Então vá em frente. Esse é o caminho, não o outro que se perde atrás de você.

Esse caminho escolhido é o seu futuro, e o seu futuro é o que você tem a realizar. Não é o passado que lhe orienta, não é o passado que lhe dá sentido e objetivo. É o futuro. É o caminho escolhido.

O passado apenas lhe explica. Diz quem você é, de onde veio.
Mas não diz o que você será, qual seu objetivo, o que você vai realizar, o que você vai ser.
Isso, só o futuro dirá.

Não se preocupe com o SIM nem com o NÃO.
Se preocupe APENAS (e isso não é pouco) em fazer BOAS ESCOLHAS..

Seja feliz..

quinta-feira, 5 de março de 2009

Quem quer ser um milionário

Fui ver o filme, e não concordo com algumas interpretações que estão sendo postadas por aí.

É bom que se diga que ele é um cara determinado.
Desde pequeno sua determinação era notável.
Se fosse preciso se vestir de merda para ver seu herói ele o fazia.

E foi com essa determinação que ele alcançou seu amor, no final, bem no final.
Se tivesse um pouco mais de coragem, de valor, talvez não teria deixado ela para trás, não teria permitido que alguém que não a amava tanto quanto ele se apossasse dela.

Mas se fosse assim, teria sucumbido a todos os percalços. Teria lutado com os matadores de sua mãe, com os ladrões de sua inocência. Talvez não tivesse um futuro. Talvez morresse por ali mesmo.
Ele tinha a ídole dos justos, que esperam, que acreditam, que irão triunfar no final.

Eu não seria assim. Eu luto pelo que eu quero, pelo que eu acredito. Quando tenho forças, é claro.
A mentira, por exemplo, me tira totalmente as forças. Eu não acredito que exista gradações para a mentira. Não existe mentira pequena e ridícula. Só existe mentira.
Para a mentira, não existe motivação. Não existe mentira justa. Mentira é mentira.

Quando se mente, não se sabe nem quantas vezes mentiu. As vezes se mente de novo, só para afirmar que aquela foi a única vez.

Aquele menino merecia o prêmio maior, porque a vida lhe devia aquilo. Tudo aconteceu para que ele ganhasse o prêmio. As perguntas eram retalhos da sua vida.

Mas aquele menino não merecia o amor. Aquele menino recebeu um rosto talhado pela sua calma, pela sua ausência, pelo seu abandono do amor, pela sua falta de atitude no momento preciso, no momento necessário.

Aquele menino deixou acontecer. E em sendo assim, não poderia reclamar nada da vida.

Eu não sou assim.

Como dar nome a trilhas...

No último domingo recebi alguns poucos mas bons amigos para um pedal.
Juntando mais dois vizinhos bons de roda, éramos 5. Um time de Futsal.

Saimos juntos, cada um contribuindo com uma variante nova na já famosa trilha que serpenteia uma Reserva próxima.

A trilha foi fantástica, a conversa ótima, e o exercício da amizade, da fraternidade, melhor ainda.

Nunca se está sozinho se se tem bons amigos. Amigos verdadeiros.

Ao final, já quase todos muito, mas muito cansados, chegamos de volta a minha casa para bebermos alguma coisa e fecharmos a conversa.

E eu perguntei: - Que tal????
Devia estar com a boca cheia, ou cansado, ou falo mesmo enrolado, porque todo mundo entendeu QUINTAL.... e já foram batizando: - Ótimo nome prá trilha. Vai se chamar QUINTAL.

Não sei se ela tinha outro nome. Mas se tinha, já era. Agora se chama QUINTAL. Que tal????

quarta-feira, 4 de março de 2009

Refletindo...

Andei relendo umas postagens mais antigas e vi que a vida me deu altos e baixos nesses últimos tempos.
Algumas dores se curaram sozinhas. Dor de amor que não resiste ao teste da impossibilidade se cura sozinha.

Outra dores se curaram ao se reaver o amor. Houve separação, mas a certeza do gostar e do querer ficar bem com o outro, a dor de sua ausência, a vontade de dar certo levaram a que tudo voltasse ao normal.

Em outros casos a solução era mesmo sofrer, purgar, sentir profundamente, até que, aos poucos, a gente vai se calejando da dor. Ela até pode estar alí (e às vezes está mesmo), mas você a ignora, você evita mexer na ferida. Finge que não é com você e segue em frente. Um dia acorda e não existe mais dor. Tem uma cicatriz, um calo, mas não existe mais dor.

Quando o amor vale a pena, espera-se não sentir dor. Espera-se que tudo seja para sempre.
Quando o amor vale a pena, existe confiança, existe verdade, existe o perdão, caso necessário.
Mas "o perdão também cansa de perdoar". O perdão também corroe o amor, assim como a mentira. Porque ambos partem de uma situação de negação do outro. De uma situação, mesmo que momentânea, de desamor.

Dores existem, amores também.
É bom exercitar o amor. Se ver em condições de amar.
É bom querer o amor, não se brutalizar, não se banalizar com as experiências ruins.
É bom acreditar no amor, porque ele regenera tecidos da alma. Ele acalenta, dá vida, faz luz.

Dores existem, amores também.
E a dor de amor, por mais que doa, é fruto de um amor que vingou, que floresceu, que prosperou, até o seu limite, até o seu finito sonho de ser prá sempre.
A gente não começa nada esperando que dê errado. A gente não começa esperando sofrer, desamar.

Se o amor tem alma, a esperança é a alma do amor.

segunda-feira, 2 de março de 2009

A eterna busca

"Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa,
você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama)
e que não quer nada com você, definitivamente, não é a pessoa da sua vida.

Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente,
a gostar de quem também gosta de você.

O segredo é não correr atrás das borboletas...
é cuidar do jardim para que elas venham até você.

No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando,
mas quem estava procurando por você!"


Mário Quintana

Culinária da Alma

" Você tem todos os ingredientes
para tornar sua existência uma alegria.
misture-os,
misture-os."

Hafiz

domingo, 1 de março de 2009

Assim deve ser...

"Não importa quem você é
Não importa para onde você vai nessa vida
Você necessitará de alguém
Que fique do seu lado, te apoiando

Não importa quanto dinheiro você tem
Nem quantos amigos você tem
Você necessitará de alguém, ao seu lado, te apoiando

..."

quer saber mais???? clique no link (no título) e coloque seus sentimentos para ouvir
 
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