Você é sua praia preferida,
aquele amor atordoado que viveu,
a conversa séria que teve um dia com seu pai.
Você é o que você lembra...
Você é a saudade que sente de sua mãe,
o sonho desfeito quase no altar,
a infância que você recorda,
a dor de não ter dado certo,
de não ter falado na hora.
Você é aquilo que foi amputado no passado,
a emoção de um trecho de livro,
a cena de rua que lhe arrancou lágrimas.
Você é o que você chora...
Você é o abraço inesperado,
a força dada para o amigo que precisa,
é o pêlo do braço que eriça,
a sensibilidade que grita.
Você é o carinho que permuta,
é a palavra que consola,
os gritos destrancados da garganta,
os pedaços que você junta,
o orgasmo, a gargalhada, o beijo,
Você é o que você desnuda...
Você é a raiva de não ter alcançado,
a impotência de não conseguir mudar,
Você é o desprezo por aqueles que mentem,
o desapontamento com o Governo,
o ódio que tudo isso dá.
Você é aquele que rema,
que, cansado, não desiste,
é a indignação com o lixo jogado do carro,
a ardência da revolta.
Você é o que você queima...
Você é aquilo que reinvindica,
o que consegue gerar através de sua verdade, de sua luta.
é os direitos que tem, os deveres que se obriga,
é a estrada por onde corre atrás,
que serpenteia, atalha, busca.
Você é o que você pleiteia...
Você não é só o que come e o que veste.
é o que requer, recruta, rabisca, traga, goza e lê.
Você?
Você é, também e principalmente, o que ninguém vê..."
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Você é o que ninguém vê
"Você é o brinquedo que brincou,
o nervo à flor da pele,
o segredo que guardou.
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