Tudo bem, eu errei.
Fui embora, abandonei. Mas não fui para longe, apenas atravessei a rua.
Fui, para deixar o ar menos pesado.
Ali, naquela casa, não cabia mais duas pessoas tendo razão.
Fui embora, abandonei. Mas não fui para longe, apenas atravessei a rua.
Fui, para deixar o ar menos pesado.
Ali, naquela casa, não cabia mais duas pessoas tendo razão.
Fui, mas não desapareci. Tínhamos nossos finais de semana, as reuniões de pais e mestres, as competições de natação, as festas da escola.
Mantive-me presente da forma que era possível.
Ah, sim, claro, num determinado momento fui para longe.
Mas o meu emprego tinha acabado aqui.
Mas o meu emprego tinha acabado aqui.
Ou eu iria ou íamos amargar a perda dos benefícios.
Mas também não desapareci. A gente se comunicava e tinham as minhas férias, e as suas também. Feriados e carnaval.
Não estou reclamando ou cobrando presença. Muito menos satisfação.
Imaginei que, após tudo que passamos a gente poderia, ao menos, ser amigos.
Coisa simples, nada complicado.
Se ver de vez em quando, trocar idéias, nos falarmos sobre a vida, os projetos, as viagens. Nada obrigatório. Coisas naturais entre amigos.
Vejo que isso não acontece.
Sonhei que acontecesse, mas as pessoas são diferentes.
Família não quer dizer muita coisa. Nascer no mesmo lugar é apenas uma questão geográfica. E biológica também. Mas é só isso.
Guardamos a informação de família para o caso de precisarmos de um rim, ou transplante de medula, e só.
Guardamos a informação de família para o caso de precisarmos de um rim, ou transplante de medula, e só.
Para querer compartilhar, dividir, estar juntos, é preciso formar uma congregação, uma célula. Aí sim, a vida acontece e os membros, os elementos da célula, estão comprometidos com a vida uns dos outros.
Foi isso que aconteceu. Nascemos da mesma família mas formamos células diferentes.
O que posso fazer, senão respeitar esse destino e cuidar da minha vida e da minha saúde.
Ainda me resta, se necessário, fornecer uma medula ou um rim, não é mesmo?
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