Não dói. Não me
angustia nem me desespera.
Apenas sinto.
Lembro. Sonho. Fantasio.
É como um mundo
paralelo. Um sair de mim.
Não sou eu e, ao
mesmo tempo, sou eu inteiro.
Não posso fazer
nada. E mesmo que pudesse, não ia querer. Não avanço nem desisto.
Sou um Dom Quixote,
a lutar com moinhos.
Só.
Nos meus devaneios
sou feliz.
Fora deles, tudo soa
muito estranho.
Dulcinéia já não
mais existe.
Ela existiu. Só não sei se foi Dulcinéia.
Ela sabe? Também não sei.
Melhor que não
saiba. Não sinta.
Não quero nada além
do que já tenho.
Não quero
compreensão ou perdão.
Não quero nenhum
sentimento.
Sou como alguém que
olha a estrada a sua frente e decide segui-la. Não porque ela tenha
um destino, mas seguir a estrada tem um propósito. O propósito de seguir a
estrada.
Seguir a estrada é
estar em movimento.
Ter tempo para viver
e pensar.
É estar vivo.
E estar vivo é não
ver moinhos nem dulcinéias.
Me guio pelas
margens da estrada. Elas também não vão
à lugar algum.
Elas seguem a
estrada e permitem que a estrada exista.
Sem as margens não
há estrada.
Será que existe um propósito em recordar?
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