terça-feira, 28 de outubro de 2008

Vende-se Casa

Coloquei a casa a venda.
Há quem não acreditasse que eu tomaria essa decisão.
Pois é, tomei.

A casa é muito confortável e espaçosa.
Daqui, a lua nascendo é um convite ao vinho, ao aconchego, ao amor.
De manhã, o sol nem pede licença para entrar, mas antes, pede aos passarinhos que anunciem a sua chegada.
As romãs, amoras, pitangas e o figo cuidam de dar um sentido de vida fluindo, de coisas acontecendo, de compotas e geléias da minha mãe.
Perto daqui tem muito verde, muita água. E é só virar à esquerda para se sentir o vento e curtir as trilhas com a bike.
O condomínio é muito seguro, com vigilância constante, e a gente sente que os perigos estão longe daqui.

Mas alguma coisa mudou.
De repente, os muros do condomínio já não dividem espaços. Sinto que passaram a dividir o tempo.
E o que antes era dentro e fora, passou a ser passado e futuro. E o futuro, pelo que tudo indica, está para além dessas paredes.

Não dá mais para ficar aqui. Vou me mudar de mim.

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